Storytelling (ou contar histórias) pode ser usada como forma de marketing, mas muitas vezes não é. Porque não? Porque não usar algo que é tão antigo como nós, seres humanos. O conceito de contar histórias está enraizado em nós enquanto pessoas e comunidade.
O storytelling pode ser uma componente bem forte para atrair a atenção das pessoas, fazer com que confiem em si e na sua marca, e incentivá-las à ação.
Este conceito faz parte do nosso ser, a nível biológico, histórico e cultural. Os nossos cérebros estão preparados e recetivos para desfrutar de histórias. Os psicólogos e neurocientistas há muito que estão interessados pela experiência humana de contar histórias. Vários estudos nesta área abordaram fatores emocionais, psicológicos e cognitivos de storytelling, mostrando como mexem com as nossas crenças, capacidade em tomar decisões e a experiência partilhada do ser humano.
É possível então integrar storytelling no nosso marketing mix? Gosto de pensar que sim, e bem possível.
A memória humana está repleta de memórias, e elas podem fazer uso de histórias, de acordo com um estudo de Arch G. Woodsie. A informação é indexada, armazenada e recolhida na forma de histórias. É dessa maneira que nos lembramos daquelas alturas das nossas vidas que nos moldaram naquilo que somos, e é da mesma forma como nos lembramos das marcas. A maneira como interagimos com um produto ou serviço, ou o que sentimos quando vimos um determinado anúncio ou fizemos uma compra online torna-se uma história.
As pessoas precisam de ajuda para encontrar algo que as faça feliz, e é aqui que o marketing pode ter uma palavra a dizer. Isto é o que permite a marcas e produtos ter um papel em satisfazer as pessoas através de reviver a história. Enquanto marketers, nós ditamos as condições, colocamos os actores no palco e definimos a estratégia, enquanto a plateia vivencia e escolhe fazer “play” na peça.
Então, como incorporar o storytelling no seu marketing, tendo em conta que os marketers têm a capacidade (e responsabilidade) de criar histórias para as suas audiências? A resposta está na sua capacidade pensar pela perspetiva da pessoa a que quer chegar.
Não nos devemos concentrar só para as “banais” características e benefícios, mas sim na humanização de toda a estratégia. Porque ser humano é contar histórias.
A arte de contar histórias leva tempo e perícia a dominar, mas as boas notícias é que daqui para a frente, com dedicação, só se vai tornar cada vez mais fácil e melhor. Apresento de seguida algumas ideias que funcionam para vários canais e mixes.
1. Lembre-se das histórias que os clientes lhe dizem
Ouvir é o primeiro passo para se tornar um bom storyteller, porque lhe permite conhecer o seu cliente, aquilo que eles querem, gostam, não gosta, apreciam, não apreciam, acham divertido ou aborrecido. Isso dá-nos informação necessária para contar a melhor história com o maior impacto.
Crie meios que possam servir de escuta – comentários no seu blog, nas redes sociais, por exemplo. Tome nota dos telefonemas de prospetos e clientes. Faça o que puder para gravar (ou memorizar) e aprender das histórias que os clientes contam. De seguida, crie conteúdo que use conhecimento ganho nestas histórias.
2. Crie personagens com as quais nos possamos relacionar
A ligação que temos com os outros é importante. Crie personas para guiar a criação do seu conteúdo. Este passo prece a criação de personagens na sua história, porque permite criar histórias que serão mais relevantes para a sua audiência.
3. Desenvolva uma personalidade
Não seja aborrecido(a). As pessoas não compram produtos por ser feito de aço inoxidável ou por ter cor amarelada de marfim, elas compram devido ao que o produto fará para elas e o que significa para elas. Um colar de pérolas não é branco e redondo, é uma promessa de romance e luxo. Vitaminas não são produtos químicos, são uma forma de ter mais energia, vitalidade, pele mais bonita e saúde no geral.
Lembre-se da razão por que alguém deveria sequer querer o seu produto ou serviço. Depois, conte a sua história com genica, usando o fator personalidade para a tornar envolvente. Use linguagem que seja acessível, personagens e conceitos fáceis de compreender, e faça-o de maneira a que se relacione consigo e com a sua marca.
4. Diga-lhes porquê
Não diga só o que faz, diga porque o faz. Conte a sua história do porquê em todos os meios, artigos, updates do Facebook, tweets, para tornar claro quem é a sua marca e porque é relevante. Cada interação da sua marca com a audiência pode ter um efeito de onda, que pode ser desde a mensagem até à apresentação, como por exemplo, o seu logótipo, o website, e o aspeto geral que a sua marca tem.
5. Seja verdadeiro
Diga a verdade, mesmo quando dói. A verdade, no marketing e na vida pode ser algo bastante libertador.
Quando ouvimos histórias de líderes de opinião ou pessoas de renome, depositamos confiança naquilo que eles dizem porque confiamos neles. No mundo atual, todos nós temos o potencial de ser um(a) influenciador(a), portanto cada interação conta.
Ao comunicar com a sua audiência, em qualquer meio, seja verdadeiro e genuíno. Enquanto pessoas, nós percebemos quando alguém nos está a tentar vender alguma coisa. O objetivo não é transmitir isso, mas sim ter uma interação verdadeira. Seja honesto e aberto ao feedback.
6. Tenha um objetivo em mente para as suas personagens
Cada um de nós tem um problema que gostaria de resolver, algo que gostariam de concretizar, um movimento ou um grupo ao qual se querem juntar. Este pode ser um fator motivacional para que comprem algo de si. Defina aquilo que você quer que alguém faça, ou que desejo quer que a pessoa tenha, e crie a sua história à volta desse conceito.
Apelos à ação são normalmente esquecidos em histórias, mas mesmo na tradição oral, a moral e a lição da história era uma conclusão com que o orador queria que a sua audiência percebesse. Se tem algo para ensinar ou mostrar, então a sua história torna-se mais útil, e as ações poderão seguir.
Conclusão
- Crie uma conexão entre cliente e a mensagem em primeiro lugar, e depois venda o produto.
- Alguns clientes acham apelativas certos tipos de mensagem entregues em diferentes meios.
- Não conte apenas uma história, conte a história certa para a sua audiência.
- Não fale só sobre si, o que interessa são eles.
- Pare de falar sobre os seus clientes e comece ouvi-los (e suas histórias) com mais atenção.
Enquanto marketers temos a responsabilidade de criar mais e melhores mensagens e interações, e contar mais histórias.
Storytelling é parte do seu marketing mix? Se é, como é que convence, converte, inspira e envolve as pessoas com o uso desta competência tão importante das histórias?